Keblinger

Fórum discute problema dos animais em Brotas

| sábado, 3 de março de 2012

Iniciativa inédita visa a criação de políticas públicas para a solução dos problemas dos animais maltratados e abandonados

Foi realizado no domingo, 26, o primeiro Fórum sobre Animais Domésticos de Brotas. Embora seja uma iniciativa do PSL (Partido Social Liberal), o evento realizado no Hotel Vivenda das Cachoeiras foi apartidário. Cerca de 50 pessoas, entre protetores dos animais e voluntários, discutiram e apontaram diversas soluções para os problemas. Foram quase três horas de debates, onde os participantes puderam expressar livremente suas visões do assunto e o estabelecimento de um plano de ação a ser cobrado do Poder Público, agora e no futuro. 

Entre os participantes estava Antônio de Pádua Deodato, presidente da Apab (Associação Protetora dos Animais de Brotas), que parabenizou o PSL pela iniciativa e disse acreditar que a união fará a força. “A reunião de todas essas pessoas, de todas essas intenções contribuem separadamente, direta ou indiretamente para que os animais sejam cuidados, precisam ser unidas. Com a soma de todas essas forças, termos um excelente resultado, que é cuidar dos animais e evitar os maus-tratos”, explicou.
Ainda segundo ele, “essa questão é muito importante. Ter um animal, só por ter, por ele ser bonitinho, não é válido. Quem tem um animal precisa cuidar dele até o final da vida. Veja só, minha nora mora nos Estados Unidos. Perguntei a ela recentemente porque ela não adotava um cachorro. Segundo ela, lá é diferente. Para se ter um animal há uma série de regras e leis e, quem não cumpre, vai preso. Veja só a diferença na responsabilidade do dono. Muitas dessas experiências devem ser trazidas para cá”.

Para Pádua, “Brotas precisa de adequações, que se cumpram as leis, coisa que não tem acontecido. Não há trabalho de fiscalização por parte da prefeitura. Eu já enfrentei proprietário de cavalo que matou o animal a pauladas, pessoas que amarram animais, e por aí vai. Quem anda por Brotas vê os animais maltratados e abandonados. Todas as pessoas devem colaborar e temos que cobrar nossos direitos. Temos que nos valorizar como cidadãos brasileiros e brotenses, além de obrigações , temos direitos”.


Para Pádua, falta apoio do Poder Público na
questão dos animais abandonados e doentes
O presidente da Apab, porém, lamenta a falta de ação da atual administração. “O apoio do Poder Público é fundamental. No início da administração nos foi prometida uma verba e um local para cuidar desses animais. Até agora, nada. A única coisa que ainda é feita é a castração. Um dia estava com o prefeito na unidade do Corpo de Bombeiros e haviadois cães sarnentos abandonados. Ele se comoveu e disse que levaria os animais para casa. Combinei com ele passar no dia seguinte na residência para ver os cuidados que os animais precisavam. Quando fui lá, os animais não estavam lá. Sei que ele gosta de animais, não entendo porque não há apoio. O trabalho que fazemos é para o município, talvez o que ele enxergue seja a questão política. Os animais precisam de ajuda e ele precisa abrir os olhos”, disse.

Já a voluntária Elaine Cristina Valente também gostou da iniciativa. “Tenho 35 cachorros, fora os que eu trato na rua, fora do meu abrigo. Desde a infância gostei de animais. Quando era solteira, tinha 22 gatos. Depois do casamento, comecei a recolher cachorros de rua, por ver os maus tratos a que eles eram submetidos. Acho que nesses 14 anos, mais de 250 cachorros passaram pela minha casa. Aqueles que não consigo doar acabam ficando por lá. Tudo isso por amor aos animais, pago tudo do meu próprio bolso e tenho o apoio de algumas pessoas que me conhecem e acabam fazendo doações, bem como veterinários que colaboram também. Gostei muito de trocar algumas ideias e ver que há mais pessoas que estão interessadas nesse assunto. Muitas pessoas não priorizam os animais, precisamos de algo bem organizado para fazer ainda mais”, salientou.

EDUCAÇÃO/ Orlando Barreto, o Du, explicou que a reunião apontou uma série de soluções para essa questão. “Foi uma reunião muito proveitosa. A Unesco estabelece que o cuidado aos animais deve entrar na grade curricular das escolas, por exemplo, e essa ideia teve aprovação de todos. Outro ponto é que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente deveria ter um departamento de proteção aos animais, com veículos e funcionários. Mais um ponto que foi discutido foi a criação de um ambulatório para atendimento de animais abandonados doentes ou maltratados, que depois serão reencaminhados para a adoção. Nesse campo, abordamos ainda a ideia de dar um incentivo, sob forma de premiação, para quem adotar um animal”, disse.
Du Barreto lembrou ainda que há a necessidade da aplicação da lei da “Posse Responsável”, com cadastro de animais e proprietários, além de convênio com clínicas particulares. “O Poder Público não deve concorrer com as clínicas, mas sim preencher uma lacuna de ações, principalmente junto a famílias mais humildes que não tem recursos para pagar uma consulta. Poderia ser feito um convênio para que o poder público arcasse com esses custos, de tratamento e também de cirurgia”. 

Outras sugestões foram a criação de feiras de adoção, setorização da cidade e fiscalização desta e de outras questões, além de adestramento gratuito para os animais de proprietários que cuidem bem de seus animais. “Brotas deve ser um modelo para o país. Essa é uma importante questão ambiental e que envolve o ser humano intimamente. Todos opinaram e muitas ideias surgiram. Foi uma reunião muito produtiva”, finalizou.

 

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