Keblinger

Brotas será destaque na Copa do Mundo de 2014

| segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Cidade foi escolhida como uma das 184 que receberão investimentos para atrair turistas durante o mundial de futebol

O Brasil tem 5.564 cidades. Só no estado de São Paulo são 645. E apenas 184 foram escolhidas como “destino turístico” para a Copa do Mundo de 2014. Entre elas está Brotas, um dos seis municípios do estado que irão receber recursos do Ministério do Turismo e propaganda gratuita para atrair visitantes durante o mundial de futebol. A informação foi divulgada no dia 5 de janeiro, pelo próprio Ministério.
Ao todo serão 88 produtos e 184 destinos brasileiros em municípios distantes até três horas (via terrestre) ou até duas horas (via aérea) dos palcos do Mundial. A ideia é incentivar o visitante a conhecer os atrativos localizados no entorno das sedes, aumentando o fluxo turístico, a distribuição de renda e a geração de emprego.
“Nossos estudos indicam que cada estrangeiro realizará uma média de três viagens pelo Brasil durante o mês da Copa do Mundo. Traçamos uma estratégia para intensificar o fluxo de deslocamentos, beneficiando o maior número de municípios e distribuindo melhor a geração de emprego e renda”, antecipa o ministro do Turismo, Gastão Vieira.
O trabalho foi apresentado para entidades representativas do mercado para agirem como multiplicadores da iniciativa. Um total de 600 mil estrangeiros e três milhões de brasileiros deverão circular pelo Brasil no mês da Copa. Pela estimativa oficial, o país vai totalizar 7,8 milhões de viagens domésticas no período. O estudo começou há três meses, quando técnicos do Ministério do Turismo e da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) promoveram uma oficina de trabalho para definir a matriz de seleção dos destinos e produtos. “Vamos ampliar o ganho do Brasil com o megaevento de 2014. Queremos receber  bem os turistas, apresentar nossos atrativos turísticos e incentivá-los a voltar ao País o mais brevemente possível”, revelou Gastão Vieira.

RECURSOS/ Os municípios selecionados terão preferência na destinação de recursos e no destaque da promoção oficial. Para a promoção internacional do turismo brasileiro, a expectativa é a de que a Embratur tenha R$ 139 milhões, mesmo valor do ano passado.
A assessora de imprensa do Ministério do Turismo, Vanessa Sampaio Bueno, disse ao Jornal Ideias que a pasta ainda não definiu quanto será destinado em recursos para cada cidade, nem se as prefeituras devem apresentar projetos ou eles serão implantados diretamente pelo governo federal. Ouvido pela reportagem, o ex-prefeito e precursor do turismo na cidade, Orlando Barreto (PSL), o Du, disse que essa é uma oportunidade única para a cidade.
“Esta é uma oportunidade de ouro para Brotas e até para as cidades vizinhas. Nosso município poderá dar um grande salto em qualidade e intensidade turística, com grandes benefícios à população brotense. Tudo dependerá se, a partir de agora, houver um plano de ações específico e focado neste objetivo. O Ministério do Turismo disponibilizará recursos. A cidade poderá ganhar mais infraestrutura turística, mais comércio, mais empresas, mais geração de empregos, mais status, mais atrativos turísticos, mais áreas de lazer, mais construções residenciais e comerciais, melhor caldo cultural, visibilidade internacional e maior média de visitantes anuais. Tudo isso criará um círculo espiral positivo a elevar o município em  nível de qualidade de vida”, disse.

Du Barreto acredita que a cidade precisa, agora, se mobilizar para conseguir capitalizar essa oportunidade. “A prefeitura precisaria desenvolver uma força tarefa, urgentemente, para definir o que quer, o que seria preciso e possível, de forma a unir as melhores cabeças do turismo local, especialistas de fora, engenheiros, arquitetos e urbanistas, para desenvolver projetos a serem apresentados no ministério, antes do período eleitoral, junho de 2012, já que durante o período eleitoral as transferências de recursos ficam suspensas. Se eles forem aprovados no início de 2013  teremos tempo de implementá-los até junho de 2014. A partir do momento em que os projetos forem para Brasília, há que se ter uma boa articulação política de bastidores para conduzi-los. Quanto à essa vontade política eu fico um pouco cético. O atual prefeito, no início do mandato disse ao trade turístico aquela famosa frase ‘entre o turismo e a Usina Paraíso, eu fico com a Usina’. Uma visão míope sobre o turismo. Aliás, de grande inabilidade política, pois poderia muito bem ter um bom relacionamento com as duas grandes fontes de desenvolvimento, bastando apenas cumprir a lei e não ser subserviente”, garantiu.
Para Du Barreto, “lembro que, no começo do turismo a Usina Paraíso ajudou muito o turismo com a edição da revista ‘Brotas é Vida’ e um de seus diretores é turismólogo. Voltando aos fatos, esta situação precisa ser pensada grande, em benefício da cidade e fora das querelas partidárias, da política pequena. É todo um futuro do município que está em jogo. O rol de ações que precisa ser feito agora, 20 anos depois, é semelhante ao início do turismo em 1993: o Poder Público precisaria tomar a liderança, pois só os empresários e Câmara de Vereadores não tem poderes para atuar na parte institucional e estrutural da cidade. Resta saber: há condições de liderança e credibilidade política para encetar tal mister?  Lembro também que os empresários precisariam se adaptar, por exemplo, seus atendentes e material gráfico utilizarem o inglês e o espanhol. Finalizo minha opinião dizendo que esta escolha de Brotas entre as seis cidades do estado, foi uma decisão puramente técnica do Ministério do Turismo, sem a participação ou influência de qualquer político local. Aliás, é fruto de um trabalho de 20 anos onde muitos políticos, empresários e ecologistas contribuíram para Brotas chegar onde chegou. Ao ver o benefício que Brotas poderá ter na Copa de 2014, me vem à lembrança  quantas pessoas se opuseram e ainda se opõe à atividade benéfica do turismo no município”, finalizou.

TURISMO EM ALTA/ O turismo interno no país cresceu 16% entre 2007 e 2010, passando de 43 milhões de pessoas para 50 milhões. Boa parte disso é de viajantes domésticos que já correspondem por 85% do turismo brasileiro. Os dados são do Ministério do Turismo e foram divulgados no último dia 2. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Enrico Fermi Torquato, disse que a perspectiva é positiva. Segundo ele, 30 milhões de pessoas que entraram para a nova classe C são as principais responsáveis pelos bons números.
“E a tendência é continuar crescendo porque nós vamos ter mais 50 milhões de brasileiros que estão emergindo e que não tinham o turismo na sua base de consumo e agora terão”. Dois dos destaques são os segmentos de ecoturismo e turismo de aventura, que tem tido projeção mundial. De acordo com dados do último relatório de impacto do Aventura Segura, da Abeta (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura), o gasto médio do ecoturista e do turista de aventura no país aumentou 165% (passou de R$ 112, em 2010, para R$ 293, em 2011). Além disso, a estimativa de faturamento das empresas em 2011 foi de R$ 515 milhões. A expectativa é que apenas a Copa do Mundo gere 700 mil empregos direitos e indiretos.
Matéria Veiculada no Jornal Ideias.
 

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